31 maio Comentário Mensal do Gestor – Maio 2021
Bolsa antecipa a economia. Ter condições de investir e aguardar o cenário evoluir é um requisito básico.
Em maio, pelo segundo ano consecutivo, o mercado financeiro registrou um desempenho positivo neste mês, vide dólar em queda perante o real e bolsa em alta, mesmo com as expectativas inicialmente negativas. Foi um resultado surpreendente para muitos. Isso demonstra a importância de alinhar as referências que variam muito no curto prazo somente com as aplicações para uso no curto prazo. Para os investimentos visando os próximos anos, o ideal é buscar identificar fatos que realmente possam ter impacto nesse horizonte.
Ambiente internacional de recuperação e incentivos nas grandes economias estimula países emergentes.
Vários sinais apontam a retomada das maiores economias do mundo ao patamar de antes da pandemia da Covid-19, embora com o receio sobre a intensidade de uma terceira onda da doença. Têm sido frequentes as revisões positivas para o crescimento do PIB mundial, atualmente em 6,0% para 2021 segundo o FMI, e resultados acima do esperado nas empresas. Sem dúvida está relacionado com a gradual recuperação da confiança, dado a propagação da vacinação e com isso o aumento do consumo e melhora no emprego.
À medida que temos essa reabertura geral das atividades, uma preocupação tem sido a possibilidade da inflação se estabelecer acima de 2,0% ao ano, que é um limite dos Bancos Centrais em vários países.
Frente a isso, os governos têm adotado uma postura de cautela, por enquanto evitando reduzir os incentivos econômicos como a injeção de recursos nas economias e mantendo taxas de juros próximas a zero ou 0,5% ao ano. Essa inflação tem sido encarada como reflexo pontual de demandas reprimidas pela pandemia, e de dificuldades em cadeias de produção devido à paradas em fornecedores e fatores climáticos.
Outro ponto de discussão é que estes gastos excepcionais e incentivos devem implicar em mais custos para sociedade, no futuro. Uma referência têm sido os EUA, onde Biden busca apoio político para aumentar em US$ 1 trilhão os gastos em infraestrutura, tendo como contrapartida o aumento de impostos às empresas.
Adicionalmente, após grandes valorizações nas bolsas nos EUA, continua um comportamento mais cauteloso de investidores naquelas bolsas, o que também sustenta alocação em outros países como o Brasil. Ao passo que as crises nas últimas décadas aprimoraram muito os instrumentos para controlar a economia, além da capacidade dos governos impor limites para especulação financeira.
Frente aos graves efeitos da pandemia, o país tem demonstrado resiliência.
Os indicadores econômicos do 1º trimestre e mais recentes têm apontado que vários setores estão conseguindo lidar apropriadamente com a pandemia da Covid-19. Aliado à trajetória de redução de novos casos, óbitos e transmissão do vírus, e o andamento de milhões de vacinas, a perspectiva é construtiva.
Dois sinais importantes têm sido a forte arrecadação federal e o resultado da balança comercial. Em abril as receitas federais novamente foram acima do esperado, com R$ 156,8 bilhões, acumulando no ano 13,6% acima da inflação perante esse período em 2020. Enquanto que a balança comercial em maio foi positiva em US$ 9,29 bilhões, crescendo +35,9% perante maio de 2020, conduzida pelo agronegócio, petróleo e mineração.
As exportações fortes e uma recuperação mais rápida da economia têm melhorado a avaliação do risco-país do Brasil. Isso ajusta o fluxo no câmbio positivamente, reduzindo as cotações do dólar para R$ 5,20 na virada do mês, a maior baixa mensal desde novembro e seguindo uma tendência mundial de recuo do dólar.
Ao passo que a taxa de desemprego em 14,7% (mar.21) segue como um grande desafio. Embora a geração de vagas formais continue, vide o CAGED apontando saldo positivo de mais 120,9 mil vagas em abril.
A retomada de reformas estruturais é um caminho necessário.
Em meio às preocupações crescentes sobre os cenários político e das contas públicas, no curto prazo está acontecendo uma situação interessante: os sucessivos recordes na arrecadação e a alta da inflação indicam uma certa folga no teto de gastos para 2022, dado que a inflação aumenta esse limite.
Essa é uma oportunidade para evoluir de medidas emergenciais para medidas estruturais, que estimulem a melhoria de produtividade, reduzindo a alocação ruim de recursos. Sinais interessantes seriam uma boa evolução das reformas administrativa e tributária, e das concessões e privatizações, destacando a Eletrobras.
A inflação sustenta novos aumentos dos juros da Renda Fixa, porém, continuando sem ganho ao investidor.
Além dos fatores que impulsionam a inflação no mundo, outra pressão local têm sido as chuvas abaixo do esperado. Isso tem implicado na energia elétrica seguir com cobranças adicionais até outubro, a bandeira vermelha 2, efeito do pior cenário climático no sudeste em décadas, com reflexo também sobre os alimentos.
Apesar disso, analistas apontam a possibilidade de menor inflação logo no 2º semestre. Principalmente devido à expectativa de normalização das linhas de produção e dos preços de produtos básicos, e mantendo a dinâmica atual, alguns também esperam um recuo maior das cotações do dólar.
De qualquer forma, o Boletim Focus, pesquisa semanal do Banco Central, têm aumentado seguidamente as projeções para a taxa de juros Selic em dezembro. A edição de 11 de junho aponta os juros sendo elevados dos atuais 3,50% ao ano para 6,25% ao ano. Mesmo assim, é um cenário que não sustenta um ganho real relevante ao investidor de renda fixa, dado que as projeções para a inflação do IPCA são de 5,82% em 2021.
Balanços do 1º trimestre das empresas em bolsa apontam resultados em 2021 acima do que era esperado.
A bolsa brasileira ainda está barata, seja perante seus múltiplos históricos, assim como em comparação às bolsas nos EUA e outros Mercados Emergentes. A retomada da economia e o ambiente externo benigno devem sustentar um robusto crescimento dos lucros das empresas em bolsa. Prova disso, o 1º trimestre de 2021 já trouxe resultados superiores a esse período em 2020, mesmo que integralmente na pandemia.
Outro grande impulsionador das cotações continua sendo a migração de investidores da renda fixa para ações, vide a manutenção de taxas de juros em patamar abaixo da inflação.
Como sempre, vamos ter turbulências políticas e pressões inesperadas, e nestes momentos é importante lembrar que o investimento em empresas na bolsa sempre se destaca bem quando avaliado ao longo de anos. Isso porque as grandes companhias têm gestão experiente e dispõem de melhores recursos, e por isso, lideram consolidações setoriais via fusões, aquisições e a digitalização das operações.
O Próprio Capital FIA mantém geração de retorno combinado com liquidez e diversificação de riscos.
Buscamos evitar as visões generalistas, nosso foco é buscar entender quais são os potenciais e riscos de cada empresa que investimos. Continuamos com uma carteira combinando exportadores, que se beneficiam da recuperação econômica global, e empresas muito competitivas voltadas ao mercado interno. Eventos como esta pandemia destacam os negócios superiores e que inclusive registram forte crescimento.
Ao final de maio, o Próprio Capital Fundo de Ações registrou valorização das cotas em +67,4% em 12 meses, enquanto o Ibovespa teve variação de +44,4% nesse período. Em 2021, o fundo acumula ganho de +17,3%, perante valorização de +6,0% do Ibovespa. Em maio as cotas do fundo encerraram o mês no valor de 6,33, com valorização de + 5,98%, bem próximo da alta de +6,16% no Ibovespa no mês.
O investimento periódico é como semear, visando colher resultados ao longo do tempo.
O trabalho da gestão almeja rentabilidade combinada com boa gestão dos riscos, mas o investidor deve avaliar seu patrimônio, conhecimento e objetivos, e se for adequado, fazer investimentos periódicos e nas quedas reforçar aplicações. Em nossa visão essa é uma estratégia que faz muita diferença mesmo.
Vamos em frente, cuidando da saúde e buscando sucesso nos investimentos.
Um abraço,
Rafael Costa
Gestor de Investimentos
Próprio Capital Gestão de Recursos