31 jul Retomada da economia: ambiente externo com juros baixos e incentivos ao consumo
O caminho natural da sociedade é a volta à normalidade e a retomada da economia. Ajustes neste percurso são inevitáveis.
Neste mês de julho, a economia mundial seguiu em recuperação. Porém, em passos mais lentos do que as expectativas iniciais.
Dois fatores transitórios têm influenciado bastante esse ritmo: um deles é que as populações ainda não vacinadas contra a Covid-19 têm sofrido com variantes da doença, embora, no geral, a letalidade esteja menor do que nas ondas anteriores.
Outro fator está relacionado aos problemas de fornecimento e estoques nas linhas de produção em vários setores, tal como em componentes eletrônicos.
No entanto, a prioridade dos governos e empresas tem sido a reversão desses motivos. Isso indica que logo a economia retome com maior força, beneficiando quem está bem posicionado, especialmente em tendências que já estavam ocorrendo e que muitas empresas em bolsa têm liderado.
Mas esses são apenas alguns destaques do mês. Ao longo do texto, abordo a recuperação dos países emergentes, inflação, além da variação no preço das ações.
Retomada da economia: modesta, mas consistente
Vários indicadores nas maiores economias do mundo estão retornando ao patamar de antes da pandemia, vide redução no desemprego, retomada do consumo de bens duráveis e no mercado imobiliário.
Mesmo que surjam dados mais modestos ou novos obstáculos a essa recuperação, os resultados têm sido consistentes e começam a permitir que governos encerrem suas políticas excepcionais.
Até porque, os efeitos colaterais desse esforço têm ganhado corpo. A exemplo da inflação, que em grande parte dos países está acima da meta de 2,0% ao ano, limite para vários Bancos Centrais. Assim como, aparecem dificuldades para que os governos financiem seus gastos sem elevar juros ou aumentar impostos.
Nessa linha, a China aumentou controles nos setores de tecnologia, educação e imobiliário, o que inspira mais limitações para investidores na região, mas não chega a ser uma novidade. Enquanto isso, nos EUA, os dirigentes do Banco Central, o FED (Federal Reserve System), falam cada vez mais em antecipar a redução de incentivos, de 2023 para 2022.
Em nossa visão, ajustes na política econômica sempre são necessários. Sendo pelo motivo de melhora da economia mundial, o balanço entre benefícios e restrições vai continuar positivo aos países emergentes.
É da natureza dos mercados financeiros especular quando os países desenvolvidos vão deixar de ter taxa de juros em zero e reduzir incentivos, além de tentar prever qual será o impacto geral disso. Ao passo que a retomada da economia é o fato real que as empresas estão tirando proveito e é o nosso foco de investimento.
Recuperação brasileira ofuscada por pressões antigas, econômicas e políticas
Com o Ministério da Saúde indicando que até 12 de agosto foram aplicadas 157 milhões de doses de vacina contra Covid-19 no país, sendo 47 milhões em segunda dose, já é perceptível a retomada da economia e uma tendência de melhora em todos setores afetados, desde o sistema de saúde, até atividades que tiveram colapso, como eventos e turismo.
No geral, é natural que um evento colossal como a pandemia tenha uma recuperação complexa. Indicadores de julho mostram melhoria da confiança nas empresas e consumidores e expansão do crédito. Enquanto sinais apontam ainda uma transição, como uma leve queda das vendas no varejo em junho frente a maio.
Outro ponto é a discussão sobre ajustes nos gastos do governo e nos impostos para a sociedade financiar isso. Mesmo sendo comum em todos países, aqui estes temas já sinalizam relação com as eleições em 2022.
Apesar da grande capacidade dos governos em pautar matérias e negociar apoios, têm surgido dúvidas quanto a alguns temas importantes para os investidores, tais como os estímulos ao investimento e produtividade, embora concessões públicas e privatizações tenham sido encaminhadas.
Inflação persiste por vários aspectos, sustenta juros maiores na Renda Fixa, mas sem ganho real ao investidor
A combinação de fatores que impulsionam a inflação no mundo, com pressões locais como a taxa de câmbio desvalorizada em cerca de 25% desde o início da pandemia, e o impacto da seca sobre os custos da energia elétrica e alimentos, elevaram a inflação do IPCA/IBGE para +8,99% nos últimos 12 meses.
Isso amplia a exigência sobre o Banco Central, que aumenta seguidamente a taxa de juros Selic. Ao ponto de analistas projetarem, segundo o boletim Focus do BC em 06 de agosto, um aumento de juros dos atuais 5,25% ao ano para 7,25% ao ano, ao final de dezembro.
Porém, isso continua não gerando um ganho relevante ao investidor na renda fixa, já que as projeções para a inflação do IPCA são de 6,88% neste ano.
Essa inflação dificulta a gestão das empresas, mas a história local indica muita competência para lidar com isso. Avaliamos que a maior exigência é ao investidor, sobretudo aqueles excessivamente em renda fixa.
Preços das ações como reflexo dos resultados das empresas
Os balanços do 2º trimestre das empresas em bolsa têm sido muito bons. Grande parte delas registrou maior faturamento, margens e lucros acima do que era antes da pandemia. Ressaltamos que isso é consequência da maturidade destes negócios.
Para ter ações negociadas em bolsa, estas companhias têm uma longa história e robustez, sempre superando adversidades, com gestão superior e acesso a melhores recursos.
Isso ficou claro em várias empresas que investimos. Vide balanços com resultados muito fortes em JBS, Suzano e Vale, reflexo da atuação internacional, e nas relacionadas ao mercado externo, como a Petrobras e PetroRio.
Aquelas no setor financeiro, como o Banco BTG, Banco PAN e a bolsa de valores B3, também mostraram ótimos resultados. Consolidadores setoriais como a Locaweb na tecnologia, e a Simpar na logística, comprovam que muitas mudanças estruturais estão acontecendo, e são grandes oportunidades lucrativas. Além de estratégias bem-sucedidas, como o foco da TIM em clientes mais rentáveis.
Até mesmo no setor de consumo, a reabertura da economia mostra que os destaques setoriais estão bem preparados, a exemplo das Lojas Renner, da rede de shoppings Alliansce Sonae, e da JHSF, que é voltada para empreendimentos ao público de altíssima renda.
Inclusive, a construção civil surpreendeu com boas margens operacionais apesar do aumento nos custos, mesmo no foco mais popular, como a empresa Direcional, e na média alta renda, ambiente da Mitre Construtora, especializada em São Paulo.
As companhias mais estagnadas foram poucas, bem dependentes da economia mais ativa, tais como as Lojas Marisa e os restaurantes Burger King, que demonstraram força ao adquirir a gestão da Domino ‘s no Brasil.
Gerir sem visões generalistas
O foco da gestão é no valor das empresas investidas perante seu preço em bolsa, com diversificação e liquidez.
Buscamos evitar as visões generalistas, entender quais são os potenciais e riscos de cada empresa nas quais investimos. Acreditamos que a recente queda nas cotações abre oportunidades em muitos negócios robustos que sempre superaram seus desafios e entregam resultados crescentes.
Ao final de julho, o Próprio Capital Fundo de Ações acumulava valorização das cotas em +27,68% em 12 meses, enquanto o Ibovespa teve variação de +18,35% nesse período.
Em 2021, o fundo registra ganho de +13,16%, perante valorização de +2,34% do Ibovespa. Em julho, as cotas do fundo encerraram o mês no valor de 6,10, com recuo de -4,54%, e o Ibovespa teve queda de -3,94% no mês.
Aplicações periódicas garantem os melhores resultados
O trabalho da Próprio Capital almeja rentabilidade combinada com boa gestão dos riscos, mas o investidor deve avaliar suas possibilidades e, se for adequado, fazer investimentos periódicos, além de, nos momentos de quedas, reforçar aplicações. Em nossa visão, essa é uma estratégia que faz muita diferença mesmo. Vamos em frente, cuidando da saúde e buscando sucesso nos investimentos.