30 abr Comentário Mensal do Gestor – Abril 2021
Avaliar o curto prazo com foco no longo prazo: aproveitar oportunidades sem menosprezar riscos
Abril foi mais um mês de recuperação nas bolsas e queda do dólar. Apesar da melhora de expectativas, é muito importante que todo o mundo continue direcionando os esforços para superarmos logo a pandemia da Covid-19. Do ponto de vista do investidor, em que pese ainda mais a obrigação de mapear e entender os riscos, não devemos esquecer que nas situações de incerteza elevada sempre surgem boas oportunidades.
Ambiente internacional continua favorável ao investimento em países emergentes
O novo crescimento do número mundial de casos de Covid-19 em abril teve um atenuante, que é a origem bem localizada, como na Índia. Mantida a prioridade dos países na vacinação em massa e fortes incentivos para recuperação da atividade econômica, os resultados continuam sendo cada vez mais positivos em relação ao crescimento e emprego no mundo.
Países como os EUA e China sustentam grandes estímulos, tais como taxas de juros baixas e a injeção maciça de recursos na economia, o que reflete em impulso para outros países. Além do investimento em infraestrutura e tecnologias com menor impacto ambiental. Isso tem sido muito positivo para países como o Brasil, que oferecem matéria prima de qualidade e alimentos, tanto em volume, quanto em preços favoráveis.
Em contraponto, as discussões sobre aumento de impostos nos EUA mostram uma realidade difícil de evitar, de que estes gastos excepcionais e incentivos devem implicar em mais custos para sociedade, no futuro. Além de dúvidas sobre riscos inflacionários. Adicionalmente, após grandes valorizações nas bolsas nos EUA, observa-se um comportamento mais cauteloso de investidores em relação aqueles mercados.
Brasil evoluiu na capacidade estrutural para resistir turbulências, e muitas atividades indicam recuperação
Nosso país segue o que acontece em várias nações em relação à dificuldade na composição de interesses e prioridades. Em meio a esta fase aguda da Covid-19, é um alento a recente redução de novos casos, óbitos e retransmissão do vírus. Combinado com o aumento da vacinação, fortalece a expectativa de aceleração na reabertura econômica e maior crescimento do PIB em 2021.
Vários dados já surpreendem positivamente. Uma síntese é a arrecadação federal de R$ 118 bilhões em março, muito acima do esperado. Outro ponto forte é o suporte do comércio externo, com a balança comercial positiva em US$ 16,3 bilhões no ano, crescendo +106% perante este período em 2020, conduzida pelo agronegócio, petróleo e mineração. Além da produção industrial acima do nível de pré-pandemia, com destaque ao aumento de +27,5% na venda de caminhões no trimestre até março. Assim como, a evolução de +1,5% no crédito em março frente fevereiro, tendo distinção a expansão de +50,8% do crédito imobiliário nos últimos 12 meses.
Ao passo que a taxa de desemprego em 14,4% (fev.21) é um grande desafio para retomada. Embora o saldo positivo foi de 846 mil novas vagas formais no primeiro trimestre, mesmo em pandemia, e metade em serviços.
Assim como o campo político segue gerando ruídos, vide uma nova CPI, adicionando estresse ao mercado financeiro, mas é fato comum em todos governos. Superada a votação do orçamento de 2021, persiste o problema estrutural sobre tamanho e qualidade do gasto público, reforçado pelas eleições. Essa preocupação deve continuar na fase da execução orçamentária, dado o teto de gastos e a lei de responsabilidade fiscal.
Retomada de reformas estruturais é um caminho importante e tem potencial de surpreender
São essenciais as iniciativas para fazer a economia girar e reduzir o desemprego. Porém, temos de evoluir de medidas emergenciais para medidas estruturais, que estimulem a melhoria de produtividade, especialmente para reduzir a alocação ruim de recursos, e estimular quem quer investir e empreender.
Principalmente frente ao crescimento das despesas obrigatórias, que há anos superam as receitas, gerando aumento contínuo da dívida pública federal, atualmente acima de 61,3% do PIB, líquida de créditos.
Nessa linha, sinais interessantes são a retomada da Reforma Administrativa e das privatizações, vide no saneamento e da Eletrobrás. Igualmente da Reforma Tributária, embora com três propostas em discussão.
Banco Central aumenta os juros Selic, referência da Renda Fixa, mas sem ganho relevante ao Investidor
Os desarranjos em algumas cadeias de produção, além da alta de preços de matérias primas importadas e commodities exportadas, e até mesmo chuvas abaixo do esperado, continuam sustentando o aumento da inflação, com destaque aos preços administrados, como em planos de saúde, remédios e energia elétrica.
Ao passo que o recuo das cotações do dólar em abril e um alívio nos preços dos combustíveis, combinado com a atividade ainda baixa em vários setores, estão amenizando parte destas pressões inflacionárias.
Apesar disso, o Boletim Focus, pesquisa semanal do Banco Central, aponta novos aumentos na taxa de juros Selic, dos atuais 2,75% ao ano para 5,50% ao ano em dezembro. Porém, ainda sem gerar bom ganho real ao investidor de renda fixa, dado que as projeções do mercado para a inflação do IPCA são 5,04% em 2021.
Balanços do 1º trimestre devem comprovar a capacidade superior, e lucros, das empresas em bolsa
A bolsa brasileira ainda está barata, seja perante seus múltiplos históricos, assim como em comparação às bolsas nos EUA e outros Mercados Emergentes. Do ponto de vista das empresas locais em bolsa, a retomada da economia e o ambiente externo benigno devem sustentar um robusto crescimento dos lucros. Em nossa avaliação, em vários setores as cotações das ações de empresas ainda não refletem isso.
Frente turbulências políticas e pressões inflacionárias, é importante lembrar que os ganhos com o investimento em ações em bolsa sempre foram muito significativos quando avaliados ao longo de anos. Isso porque as grandes companhias têm gestão experiente e dispõem de melhores recursos, e por isso, lideram consolidações setoriais via fusões, aquisições e a digitalização das operações. Os resultados das empresas neste 1º trimestre devem continuar comprovando isso, com destaque muito forte em exportadoras.
O resultado do Próprio Capital FIA na pandemia demonstra que existem boas alternativas
Continuamos priorizando empresas que se beneficiam da recuperação econômica global, e gradualmente investimos naquelas muito afetadas nesse período, mas que mantiveram seus fortes diferenciais competitivos. Evitamos empresas com maiores desconfianças sobre a gestão do negócio.
Ao final de abril, o Próprio Capital Fundo de Ações registra valorização das cotas em +74,5% em 12 meses, enquanto o Ibovespa teve variação de +47,68% nesse período. Em 2021, o fundo acumula ganho de +10,7%, perante desvalorização de -0,10% do Ibovespa. Em abril as cotas do fundo valorizaram + 4,59%, encerrando no valor de 5,97, superando a variação de +1,94% no Ibovespa no mês.
Investimento periódico, seguindo seu perfil, conhecimento e objetivos é a melhor estratégia
Nosso trabalho é buscar rentabilidade combinada com boa gestão dos riscos, mas o investidor deve avaliar seu patrimônio, conhecimento e objetivos, e se for adequado, fazer investimentos periódicos e nas quedas reforçar aplicações. Em nossa visão essa é uma estratégia que faz muita diferença mesmo.
Vamos em frente, nos cuidando com a saúde e buscando sucesso nos investimentos.
Conte conosco e invista sempre.
Um abraço,
Rafael Costa
Gestor de Investimentos
Próprio Capital Gestão de Recursos