30 jun Comentário Mensal do Gestor – Junho 2021
Empresas com ações em bolsa refletem a recuperação da atividade, movimento que segue firme.
Junho foi mais um mês com vários indicadores apontando melhora da economia mundial e local. Essa recuperação continua sendo a maior referência nas perspectivas e escolhas dos próximos meses. Uma possível aceleração da vacinação contra Covid-19 e seus reflexos positivos é um fator crucial nessa trajetória.
Como sempre, o cenário evolui e novas preocupações ganham espaço. Para o investidor ter sucesso frente às incertezas, o ideal é sempre avaliar seu patrimônio, conhecimento e objetivos, e buscar adequar suas aplicações, acompanhar e fazer ajustes quando necessário. Situações como a renda fixa mantendo o baixo rendimento, no Brasil até mesmo abaixo da inflação, impactam todos, dos pequenos aos investidores internacionais, e isso é outro aspecto que deve sustentar o bom desempenho das bolsas.
Ambiente internacional de recuperação e incentivos nas grandes economias estimula países emergentes.
É cada vez mais claro que as maiores economias do mundo estão retornando ao patamar de antes da pandemia da Covid-19. Ao passo que os receios de uma terceira onda da doença têm se confirmado em novas variantes, sustentando a cautela. Não obstante, a previsão de crescimento do PIB mundial em 2021 de 6,0% segundo o FMI, está sendo ajustada por outras instituições, como a Fitch Ratings, que projeta 6,3% de aumento. Vide à reabertura “mais rápida do que o esperado” nos EUA e Europa e suporte dos governos.
A preocupação com a inflação acima de 2,0% ao ano em grande parte dos países, limite para vários Bancos Centrais, têm sido encarada com prudência. Um forte motivo é que a China, mais adiantada na recuperação econômica, já registra inflação sob controle, de 1,1% em 12 meses até junho. Isso reforça a visão geral que a inflação maior é transitória, como têm apontado o Fed, banco central dos EUA. Sendo reflexo pontual de demandas reprimidas pela pandemia, dificuldades de produção com paradas em fornecedores e do clima.
Nessa situação, grande parte dos governos estão mantendo os incentivos econômicos, tais como a injeção maciça de recursos em incentivos e taxas de juros próximas a zero ou 0,5% ao ano. Um exemplo é o anúncio dos EUA de um acordo político para investimentos internos em US$ 1,2 trilhão, confirmado ao final de junho.
Adicionalmente, após grandes valorizações nas bolsas nos EUA, continua um comportamento mais cauteloso de investidores naquelas bolsas, o que também sustenta alocação em outros países como o Brasil. Embora as crises nas últimas décadas aprimoraram muito os instrumentos para controlar a economia, além da capacidade dos governos impor limites para especulação financeira.
Brasil: Melhora da vacinação e das projeções de crescimento são contínuas.
Nesse 1º semestre foi destaque o desempenho das commodities exportadas e a expansão das empresas que são líderes setoriais, até mesmo em setores bastante afetados pela pandemia. Grande parte são empresas que têm robustez construída em décadas, e estão aproveitando a sua capacidade para acessar recursos no mercado financeiro, e investindo em aquisições, fusões e na digitalização das operações.
De forma macro, isso se reflete em recordes consecutivos na arrecadação federal (R$ 142 bilhões em maio, +69,9% perante 2020), na balança comercial (US$ 10,4 bilhões em junho, +59,5% frente 2020) e no aumento da contratação em empregos formais (saldo de +280,7 mil em maio, segundo Caged/IBGE).
Paralelo, o Ministério da Saúde indicou que até 08 de julho foram aplicadas 110 milhões de doses de vacina contra Covid-19 no país, sendo prevista a entrega de 464,6 milhões de doses entre julho e dezembro.
Essa composição de fatores manteve em junho a redução do risco-país do Brasil e um fluxo no câmbio bem positivo, e principalmente, impulsiona revisões nas projeções de alta do PIB para acima de 5,25% em 2021.
Preocupação com as contas públicas foi arrefecida no curto prazo, mas outros riscos ganham relevância.
O crescimento na arrecadação e a alta da inflação local, indicam uma certa folga no teto de gastos para 2022, dado que a inflação aumenta esse limite. Inclusive as projeções da dívida pública se acomodam na faixa de 60% do PIB, líquida de créditos ao governo. Porém, o aumento de tensões políticas (que não são novidade neste meio) e a maior inflação, têm potencial de afetar a confiança geral na gestão do governo. Em contraponto, as últimas eleições para os presidentes da Câmara e do Senado e o avanço de questões como a privatização da Eletrobrás, indicam capacidade do governo em negociar apoios às suas pautas.
A inflação sustenta novos aumentos dos juros da Renda Fixa, porém, continuando sem ganho ao investidor.
Além dos fatores que impulsionam a inflação no mundo, outra pressão local têm sido as chuvas abaixo do esperado. Isso tem implicado na energia elétrica seguir com cobranças adicionais até outubro, a bandeira vermelha 2, efeito do pior cenário climático no sudeste em décadas, com reflexo também sobre os alimentos.
Apesar da inflação do IPCA/IBGE ter acumulado +8,35% nos últimos 12 meses até junho, analistas apontam a possibilidade de menor inflação logo no 2º semestre. Principalmente devido à expectativa de normalização das linhas de produção e dos preços de produtos básicos, e um possível recuo maior das cotações do dólar.
De qualquer forma, o Boletim Focus, pesquisa semanal do Banco Central, têm aumentado seguidamente as projeções para a taxa de juros Selic em dezembro. Os dados de 09 de julho apontam os juros sendo elevados dos atuais 4,25% ao ano para próximo de 6,75% ao ano. Ao investidor ainda é um cenário que não sustenta um ganho real relevante na renda fixa, já que as projeções para a inflação do IPCA são de 6,11% em 2021.
Balanços do 2º trimestre das empresas em bolsa, divulgados até meados de agosto, são o nosso foco.
A melhora dos resultados das empresas na bolsa brasileira mantém as cotações relativamente atraentes perante seus múltiplos históricos, mesmo com valorização das cotações. Nossa expectativa é que os balanços do 2º trimestre ratifiquem esse bom desempenho, aliado ao ambiente externo benigno e a recuperação da economia local, com impulso adicional da prorrogação do auxílio emergencial por 3 meses.
Em linha com essa perspectiva, o investidor estrangeiro teve em junho um saldo positivo de aplicação em R$ 16,2 bilhões na bolsa local, o maior volume desde o início do Plano Real. No semestre o saldo acumulado também é forte, em R$ 48,5 bilhões, mais do que o dobro do recorde anterior de R$ 21 bilhões em 2015.
O Próprio Capital FIA mantém geração de retorno combinado com liquidez e diversificação de riscos.
Buscamos evitar as visões generalistas, nosso foco é buscar entender quais são os potenciais e riscos de cada empresa que investimos. Continuamos com uma carteira combinando exportadores, que se beneficiam da recuperação econômica global, e empresas muito competitivas voltadas ao mercado interno.
Ao final de junho, o Próprio Capital Fundo de Ações registrou valorização das cotas em +47,24% em 12 meses, enquanto o Ibovespa teve variação de +33,40% nesse período. Em 2021, o fundo acumula ganho de +18,54%, perante valorização de +6,54% do Ibovespa. Em junho as cotas do fundo encerraram o mês no valor de 6,39, com valorização de + 1,04%, e o Ibovespa teve alta de +0,46% no mês.
O investimento periódico é como semear, visando colher resultados ao longo do tempo.
O trabalho da gestão almeja rentabilidade combinada com boa gestão dos riscos, mas o investidor deve avaliar suas possibilidades, se for adequado, fazer investimentos periódicos e nas quedas reforçar aplicações. Em nossa visão essa é uma estratégia que faz muita diferença mesmo.
Vamos em frente, cuidando da saúde e buscando sucesso nos investimentos.
Um abraço,
Rafael Costa
Gestor de Investimentos
Próprio Capital Gestão de Recursos